13 de setembro de 2012

Por que a maioria dos municípios brasileiros não se sustenta?


Alessandra Corrêa
Brasília (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Municípios brasileiros dependem de transferências
 da União e dos Estados para sobreviver
Da BBC Brasil em São Paulo

Nas últimas duas décadas se consolidou no Brasil a situação de dependência dos municípios das transferências de recursos por parte do governo federal e dos Estados.

Segundo um estudo publicado no início do ano pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio), com base em dados que vão até 2010, 94% dos mais de 5 mil municípios brasileiros têm nessas transferências pelo menos 70% de suas receitas correntes, e 83% não conseguem gerar nem 20% de suas receitas.
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Em 2010, o forte desempenho econômico e um crescimento na arrecadação pública beneficiaram os municípios com um aumento nas receitas, tanto próprias quanto de transferências.
Mesmo nesse cenário, o levantamento da Firjan revela que um quinto dos municípios virou o ano no vermelho, com mais dívidas do ano anterior do que recursos em caixa.
Para os autores do estudo, essa realidade é fruto de má administração, que faz com que o maior repasse de recursos não se traduza em melhor qualidade nos serviços prestados à população.
"É primordial o acompanhamento da aplicação dos recursos que estão sob a responsabilidade das prefeituras, elo mais próximo do setor público com o cidadão-contribuinte", diz o estudo.
Com a descentralização administrativa desencadeada a partir da Constituição de 1988, houve um aumento das transferências da União e dos governos estaduais aos municípios.
Segundo o estudo da Firjan, porém, a contrapartida esperada, que era uma maior atuação dos governos locais, principalmente nas áreas de saúde e educação e em investimentos, não se concretizou.
"Investimentos em educação, saúde e infraestrutura urbana ficaram à margem do crescimento das receitas municipais."
Fatores
Em alguns casos, fatores como a localização geográfica, na área rural, ou o tamanho reduzido da população, tornam a autosustentação de um município inviável.
"Cerca de 80% dos municípios têm população igual ou inferior a 30 mil pessoas", disse à BBC Brasil o especialista em administração e políticas públicas Francisco Vignoli, da FGV Projetos.
"Mesmo se fizerem tudo certo, não teriam como se sustentar."
No entanto, segundo o gerente de Desenvolvimento Econômico da Firjan, Guilherme Mercês, há municípios pequenos que, mesmo dependentes de repasses, têm boa gestão.
A maioria, porém, independentemente de tamanho, sofre com má administração, diz Mercês, e 64% dos municípios brasileiros estão em situação fiscal considerada difícil ou crítica.
No caso dos novos municípios, a dependência é ainda mais acentuada. Dos 1.480 municípios criados desde 1980, só 28 têm situação considerada excelente ou boa em relação à geração de receita própria.
"Precisamos de uma discussão sobre os critérios de distribuição de recursos", disse Mercês à BBC Brasil.
Gastos com pessoal
Na maioria dos casos, a folha de pagamento consome boa parte dos recursos, e pouco sobra para investimentos. De acordo com a Firjan, somente 83 dos 5.565 municípios brasileiros geram receitas suficientes para pagar seus funcionários.
O limite de 60% da receita corrente líquida para despesas com funcionalismo, estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000, não apenas não é respeitado por todos como, segundo a Firjan, "parece ter oferecido incentivos contrários às prefeituras que gastavam menos".
Em 10 anos, esses gastos passaram de 43,2% para 50% dos orçamentos municipais. Para investimentos, a parcela permaneceu em cerca de 10%.
"Gastos com pessoal são difíceis de ser revertidos", diz Mercês. "Municípios que comprometem muito com esses gastos acabam tirando espaço de investimentos."
Em declarações na época da divulgação do estudo, o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, criticou a interpretação dos dados feita pela Firjan. Segundo Ziulkoski, grande parte dos gastos dos municípios com pessoal são destinados ao magistério.
Além disso, ele disse que o estudo passava a ideia errônea de que os municípios não arrecadam nada, quando na verdade, a maioria tem arrecadação baixa, por ter perfil agropecuário.
Para Mercês, é preciso que a discussão sobre essa situação de dependência e má gestão dos municípios venha à tona.
"É preciso cobrar dos governantes, participar do debate", afirma. "Ou vai se cristalizar no Brasil o quadro de uma carga tributária muito elevada, de país desenvolvido, sem a contrapartida."

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/09/120912_brasil_gestao_fiscal_ac.shtml

22 de maio de 2012

Como funcionam os cinemas 3D?



Desde que foi criado, o cinema evoluiu muito, ganhando som, cores e efeitos especiais. A última novidade são os filmes em 3D, os quais precisam de óculos especiais, como os da figura abaixo, para serem assistidos.
Nos filmes em 3D, os cenários, as pessoas e até mesmo os personagens de desenho podem ser visualizados tridimensionalmente, como se fossem reais e estivessem mais próximos de nós. Assim, a ideia dos produtores destes é "enganar" nosso cérebro e nossos olhos, fazendo-os pensar que estão diante de um espaço tridimensional e não à frente de uma tela bidimensional comum.
Para entendermos o funcionamento dos cinemas 3D, é fundamental que saibamos que os seres humanos possuem visão binocular, de modo que cada olho enxerga uma imagem diferente, sendo o cérebro o responsável por combiná-las em uma única imagem.
A diferença angular (quase imperceptível) entre estas duas imagens, denominada desvio, é utilizada pelo cérebro para ajudar na percepção de profundidade. É exatamente por esta razão que, ao perder a visão de um dos olhos, as pessoas perdem também a noção espacial.
As antigas produções de filmes 3D utilizavam imagens anáglifas para aproveitarem a visão binocular e o desvio. Estas imagens incluem duas camadas de cor numa única tira do filme reproduzida por um projetor, sendo uma das camadas vermelha e a outra azul (ou verde).
Assim, quando desejávamos assistir a estes filmes, fazia-se necessáro utilizarmos um óculos 3D com uma lente vermelha e a outra azul (ou verde), como os da figura do topo desta página. Estas lentes "obrigavam" um olho a enxergar a seção vermelha da imagem e a outra, a seção azul (ou verde).
É devido às diferenças entre as duas lentes que o cérebro as interpreta como uma imagem de três dimensões. Entretanto, por conta da utilização de lentes coloridas, a coloração da "imagem final" não é precisa, de modo que há dados que relatam que esta tecnologia trouxe muitos problemas para as pessoas como dores de cabeça, lesões oculares e náusea.
Funcionamento dos atuais cinemas 3D
Como já mencionado, a técnica utilizada interferia na visualização das cores, de modo que foi necessário desenvolver uma tecnologia melhor, porém mais mais cara e complicada, mas que não afeta as cores originais. Esta nova tecnologia é baseada na polarização, sendo, agora, os óculos feitos por lentes escuras e não mais coloridas como antes.


Vejamos, então, como funcionam os atuais cinemas 3D.
Para obter as imagens, são utilizadas duas câmeras: uma delas para capturar imagens para o olho direito e a outra para capturar as imagens para o olho esquerdo. Assim, a imagem será tanto mais "real" ou "para fora da tela", quanto maior for a distância entre a imagem e a tela.
Por serem utilizadas duas câmeras, o filme terá, a cada segundo, 48 quadros, equivalente ao dobro de quadros utilizados em filmes convencionais, sendo 24 deles observados pelo olho direito e os outros 24 pelo olho esquerdo.
A luz do retroprojetor chega à tela em espiral e os quadros vão se alternando, já que parte deles gira em um sentido enquanto a outra parte gira no sentido oposto. Além do mais, a tela é refletiva (prateada), o que torna possível para a luz passar a ideia de que não se trata de uma tela normal.
Já os óculos possuem filtros de polaridade, permitindo que cada olho receba um quadro, como se cada pessoa enxergasse a mesma coisa através de dois diferentes focos.


Obviamente, a distância entre os dois olhos nos faz ver a mesma coisa sob ângulos diferentes. Assim, é baseado nestas duas imagens vistas por cada olho que o cérebro age como se nos "enganasse" e forma uma terceira imagem, dando a impressão de profundidade à cena.


Fonte: 

Raio, relâmpago e trovão



As descargas elétricas que ocorrem na natureza sempre impressionam os habitantes deste nosso planeta. Desde os tempos remotos, quando nossos ancestrais ainda habitavam cavernas, os relâmpagos que quando iluminavam o céu e os trovões, com seu rimbombar assustador, causando um misto de terror e de admiração. Provavelmente foi em consequência de um raio que o homem, pela primeira vez, conseguiu domar o fogo e utilizá-lo para em seu proveito. Mas por que ocorrem essas descargas elétricas na atmosfera?
O mecanismo dos raios ainda desvendado, sendo que objeto de contínuo estudo dos cientistas. O que se sabe é que, provavelmente por um atrito com o ar, ligado a outros fenômenos meteorológicos, as nuvens carregam-se eletricamente. Numa mesma nuvem, verifica-se a existência de partes eletrizadas positivamente e partes eletrizadas negativamente, Por isso há uma ocorrência muito grande de faíscas dentro de uma mesma nuvem e entre nuvens diferentes, numa frequência maior que as descargas entre as nuvens e a Terra.
A diferença de potencial entre a parte inferior de uma nuvem e a superfície da Terra costuma variar entre 10 milhões e 100 milhões de volts. Isso pode gerar, entre ambas, um campo suficientemente intenso, que produz no ar a chamada ionização que o torna condutor. Em consequência, há a descarga elétrica, o raio, que por si só seria invisível. Entretanto, a ionização do ar o faz luminoso, resultando no relâmpago. O aquecimento do ar, em consequência da passagem, causa uma forte expansão, originando ondas sonoras de grande amplitude que caracterizam o trovão.
Diariamente acontecem em todo o globo cerca de 40 mil tempestades, ocasionando aproximadamente 100 raios por segundo. O Brasil é o país onde mais caem raios. Por isso, está muito desenvolvido o setor que estuda esse fenômeno em nosso país. O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) tem um departamento que estuda especificadamente as descargas elétricas que ocorrem em nosso país, o ELAT (Grupo de Eletricidade Atmosférica).
É fato conhecido que os raios caem preferencialmente sobre objetos pontiagudos. Isso acontece porque os condutores providos de pontas apresentam nestas regiões maior concentração de cargas. Diz-se que, nas pontas, a densidade elétrica é maior: é o chamado poder das pontas. Por isso, numa tempestade, carregar um guarda-chuva ou abrigar-se sob uma árvore alta é muito perigoso, pois aumenta consideravelmente a chance de receber uma descarga elétrica. A utilização dos para-raios está fundamentada nesse fato. Como o para-raios é provido de pontas, ele é o alvo “prioritário” para a queda dos raios, protegendo, dentro de certos limites, o que está ao seu redor.

Referência:
TORRES, Carlos Magno, FERRARO, Nicolau Gilberto & SOARES, Paulo Antônio. Física: ciência e tecnologia. São Paulo: Moderna, 2001.

15 de fevereiro de 2012

Twitter se rende à censura


Twitter se rende à censura
rede social Twitter está entre a cruz e a espada em países onde há liberdade de expressão nem sempre existe. De um lado, a diretoria doTwitter não quer que o site seja inteiramente banido desses países. De outro, o que um governo ditatorial pretende fazer com uma rede socialque ajuda a incitar a dissidência civil? A resposta: proibi-la. Mas isso não é bom para o negócio.

Por isso, o site que ajudou a fomentar a Primavera Árabe no ano passado e a divulgar por algum tempo os protestos iranianos em 2009 acaba de anunciar que vai começar a dançar com o demônio da censura. No passado, se um tuíte tivesse que ser removido do site por razões legais – em geral, infrações às leis de direitos autorais – ele era apagado em todo o mundo. Agora, o tuíte pode ser removido de um país e ainda ser visto pelos usuários do Twitter em outros.
 "À medida que continuamos a crescer internacionalmente, entraremos em países com ideias diferentes sobre as fronteiras da liberdade de expressão. Alguns divergem tanto de nossas ideias que não conseguiríamos existir ali”, explica o comunicado do Twitter.
Sempre que um tuíte é censurado, a empresa afirma que notificará a pessoa que o escreveu e descreverá a remoção em uma seção específica do Twitter no site ChillingEffects.org.
Uma rápida olhada nos posts do Twitter no ChillingEffects.org mostra uma longa lista de reclamações sobre tuítes que direcionam os seguidores para sites que baixam filmes, músicas e outros produtos de entretenimento ilegalmente. Veremos que tipo de queixas vão aparecer agora.
Quando as revoluções são uma possibilidade, o Twitter se torna um alvo óbvio para os que estão no poder. Foi proibido na China, e embora existam outros exemplos, era apenas um dos muitos sites indisponíveis quando o governo do Egito derrubou a internet há um ano.
Isso me faz pensar em quais países estão na mira da empresa com esta nova política. O Wall Street Journal teceu especulações sobre a China, oNew York Times se concentrou na África, enquanto o Financial Timesdestacou que o Twitter estaria de olho na Europa Ocidental, América Latina e Coreia do Sul.
Teremos que esperar pelos tuítes censurados para descobrir.

29 de novembro de 2011

ONU diz que Brasil subaproveita seu potencial em energias renováveis



energia eólica na Alemanha / Getty
Investimentos globais em energia limpa cresceu 539% em seis anos
O Brasil ocupa uma posição de destaque na produção de energias renováveis, mas “poderia fazer mais esforços” em relação às energias solar e eólica, segundo a Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que publicou nesta terça-feira um relatório sobre o tema.
"O Brasil, devido ao seu clima e à sua superfície, possui um enorme potencial em termos de energia eólica e solar, mas não explora de forma suficiente sua capacidade nessas áreas”, disse à BBC Brasil Anne Miroux, diretora do relatório Tecnologia e Inovação - Potencialização do Desenvolvimento com Energias Renováveis, da Unctad.
Ela diz que o Brasil se concentra em setores “maduros”, como os biocombustíveis e a geração de energia hidrelétrica, criados há décadas.
"O Brasil está entre os principais países que produzem energias renováveis, mas não em termos de energias modernas, como a eólica e a solar, nas quais nos focalizamos hoje", diz Miroux.

Investimento

O relatório da Unctad revela que o Brasil foi o quinto país que mais investiu em energias limpas no ano passado, totalizando a soma de US$ 7 bilhões.
A China, com o valor recorde de US$ 49 bilhões, liderou os investimentos em energias renováveis em 2010, seguida pela Alemanha (US$ 41,1 bilhões), Estados Unidos (US$ 30 bilhões) e Itália (US$ 14 bilhões).
O Brasil, segundo dados do instituto voltado para estudos na área de energias renováveis REN 21, citados no relatório, é o quarto principal país em termos de capacidade de produção dessas energias, incluindo a hidrelétrica.
Mas o país não está entre os cinco principais em relação à capacidade de produção de energia eólica (liderada pela China) ou solar.
O relatório da Unctad afirma que os países do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) "estão fazendo avanços tecnológicos significativos nos setores eólico e solar".
"A China está fazendo grandes esforços em relação ao uso de energias renováveis. Um dos grandes problemas do país são suas centrais térmicas que utilizam carvão. A transição não é simples e não pode ser feita de um dia para o outro", diz Miroux.

Metas ambiciosas

A diretora do estudo ressalta que o Brasil "está no bom caminho" com o objetivo "notório" de desenvolver as energias renováveis, apesar de ainda "não fazer o suficiente" em relação às energias solar e eólica.
Ela elogiou a meta fixada pelo governo de que 75% da eletricidade produzida no país seja proveniente de energias renováveis em 2030.
MIna de carvão na China / AFP
Apesar de investimento em energia verde, China polui com suas centrais que usam carvão
"O Brasil é um dos raros, talvez o único, a ter uma meta tão ambiciosa", afirma Miroux, que questiona também se as enormes reservas do pré-sal poderiam colocar em risco a estratégia atual de desenvolvimento das energias limpas no país.

Tecnologia

Segundo o relatório, os investimentos globais em energias renováveis saltaram de US$ 33 bilhões em 2004 para US$ 211 bilhões no ano passado – um aumento de 539,4%. O crescimento médio anual no período foi de 38%.
Apesar dos números, a diretora do estudo alerta que ainda faltam “centenas de bilhões de dólares” para aperfeiçoar as tecnologias nos países em desenvolvimento e expandir o uso das energias renováveis no mundo.
De acordo com o relatório, as energias renováveis oferecem uma oportunidade real para reduzir a pobreza energética nos países em desenvolvimento.
BBC,Brasil.

23 de novembro de 2011

Músico com memória de 10 segundos após infecção supreende ciência


Martin Vennard
Foto: Arria Belli / Wikimedia
Cientistas creem estar perto de descobrir por que uma pessoa que sofre de amnésia e perde a memória de quase tudo na sua vida consegue ainda reter conhecimentos musicais.
A resposta pode estar no fato de que as memórias musicais são armazenadas em partes diferentes do cérebro que a de outras memórias.
Quando o maestro britânico Clive Wearing contraiu uma infecção no cérebro em 1985 – uma encefalite por herpes – ficou com uma capacidade de recordar apenas os eventos ocorridos 10 segundos antes. A infecção danificou uma parte do seu cérebro conhecida como lobo temporal médio.
Embora apresentasse um dos casos mais graves de amnésia conhecido pelos cientistas, a habilidade musical do condutor permaneceu intacta. Hoje com 73 anos, Wearing consegue ler partitura e tocar música no piano, e chegou inclusive a reger seu antigo coral.
Em um congresso da Sociedade para a Neurociência realizado neste mês em Washington, um grupo de cientistas alemães descreveu o caso de um violoncelista profissional – identificado apenas como PM – que contraiu encefalite por herpes em 2005.
Incapaz de recordar as coisas mais simples – como a imagem de sua própria casa –, PM manteve intacta a sua memória musical.
Clive regendo orquestra sete meses antes da amnésia (Foto: Arquivo de família)
Anatomia do cérebro
Segundo o médico que estudou o paciente, Carsten Finke, do Hospital Universitário de Charite, em Berlim, o lobo temporal médio do cérebro, severamente afetado em casos de encefalite por herpes, é "altamente relevante" para a memória de eventos e como, onde e quando eles ocorrem.
"Mas estes casos sugerem que a memória musical pode ser armazenada de forma independente do lobo temporal médio", afirma o dr. Finke.
A equipe de cientistas alemães também estudou o caso de um paciente canadense nos anos 1990 que perdeu toda a sua memória musical após uma cirurgia que danificou especificamente uma parte do cérebro chamada de giro temporal superior.
O caso levou a equipe a sugerir que as estruturas do cérebro usadas para armazenar memória musical "devem ser o giro temporal superior ou os lobos frontais".
Entretanto, o médico acredita que são necessárias novas pesquisas para confirmar a hipótese.
"O que é realmente novo nesses casos é que mesmo em casos de amnésia densa e grave ainda existem ilhas de memória intactas, a memória musical", afirmou.
"Esta memória pode ser usada como um ponto de acesso a esses pacientes. Podemos pensar, por exemplo, em relacionar música a atividades específicas, como tomar medicação, ou submetê-los a musicoterapia para recuperar qualidade de vida."
Velhos hábitos
A neuropsicóloga Clare Ramsden ressalta que a memória musical é diferente dos outros tipos de memória. "Não é apenas conhecimento, é algo que você faz", define.
A sua entidade, Brain Injures Rehabilitation, voltada para a reabilitação cerebral, estudou os casos de três músicos, incluindo Clive Wearing. As conclusões mostram que as atividades musicais envolvem diferentes partes do cérebro.
"Nossa pesquisa está começando a mostrar que as pessoas com dano nos lobos frontais têm suas habilidades musicais afetadas de forma diferente de pessoas como Clive, cujos lobos temporais médios foram danificados", disse Ramsden.
"Clive ainda consegue ler partituras e tocar música. As pessoas com danos nos lobos frontais podem ter dificuldades de ler uma partitura e tocar uma música pela primeira vez, mas são boas em músicas que elas já sabem."
Para o professor Alan Baddeley, autor de estudos sobre Wearing pela Universidade de York, todos os casos "mostram que a memória não é unitária" e que "há mais de um tipo de memória".
"A amnésia não destroi hábitos, mas os pacientes perdem a capacidade de adquirir e reter informação sobre novos eventos."
Clive não lembra de eventos como o seu casamento com Deborah (Foto: Arquivo de família)
Handel
A esposa de Clive, Deborah, é autora de um livro, Forever Today ("Para sempre hoje", em tradução livre), que relata como a vida do casal mudou desde a amnésia do marido.
"Mesmo tendo um piano no quarto há 26 anos, ele não sabe disso até que o instrumento seja mostrado para ele", contou Deborah à BBC.
Entretanto, diz, "se você der para ele uma música nova, a visão dele percebe a partitura e ele toca a música no piano, mas sem aprendê-la".
"Clive não sabe que tocava piano, nem que ainda sabe como tocar."
A esposa diz que, mesmo sem saber, o ex-maestro melhora sua apresentação cada vez que toca uma determinada música, e que ele ainda é capaz de tocar, instintivamente, canções que sabia de cor no passado.
"Ele aprendeu Messias de Handel quando era criança e ainda sabe cantá-la."
Deborah diz que a música "é o único lugar onde podemos estar juntos, porque enquanto a música está tocando ele é completamente si mesmo".
"Quando a música para, ele volta a cair do abismo. Não sabe nada sobre sua vida. Não sabe nada do que aconteceu com ele em toda sua vida."


Gênio musical inato? Talvez!


Musical
Crédito: Getty Images.
O ditado "a prática faz a perfeição” pode inspirar as pessoas a se dedicarem com mais afinco a um esporte ou tarefa, mas pesquisas recentes sugerem que há outros elementos envolvidos nessa dinâmica.
Uma pesquisa recente e experimentos relacionados mostram que ashabilidades inatas têm tanta importância quanto a dedicação. Em outras palavras, algumas pessoas possuem determinadas qualidades que, se combinadas, podem transformá-las em gênios naturais.
Os autores da pesquisa sugerem que a ideia contrasta com tendências científicas consagradas, que menosprezam as qualidades individuais como determinantes do sucesso pessoal.
Também chamada de “capacidade de memória operacional”, a habilidade de usar o conhecimento e de se adaptar a situações novas ou perturbadoras pode diferenciar os “ótimos” dos “geniais”. Outro estudosugere que as pessoas com maior capacidade de memória operacional conseguem processar as informações com mais rapidez.
Na tese citada, os pesquisadores avaliaram 57 pianistas com níveis variáveis de experiência prática. Alguns haviam ensaiado durante 260 horas, enquanto outros chegavam a 31 mil horas de estudo.
Durante os experimentos, os participantes deveriam concluir tarefas como tocar peças musicais sem ensaiar. É claro que os músicos que praticavam mais se saíram melhor, mas os pianistas com melhor desempenho também apresentaram maior capacidade de memória operacional, sugerem os autores.
A pesquisa não descreve muitos detalhes sobre as tarefas e o sistema utilizado para medir a memória operacional, então não se sabe se outros fatores podem ter afetado os resultados. Também é importante enfatizar que a pesquisa não conclui que uma pessoa precisa de alta capacidade de memória para ter sucesso, mas indica que esse tipo de memóriadesempenha um papel mais importante do que se pensava.
As descobertas talvez expliquem por que gênios do xadrez têm vantagem sobre seus adversários, embora ambos tenham conhecimentos e níveis de experiência similares.

23 de outubro de 2011

Gabarito ENEM 2011 2° dia Extra Oficial (Curso Objetivo SP)

CORRESPONDÊNCIA
RESPOSTAAMARELAAZULCINZAROSA
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C141148148143
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D179180172175
D180179173174

Fonte : http://www1.curso-objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/online/index.asp?img=01 (curso Objetivo,clique no link e veja as resoluções comentadas)