21 de junho de 2011

Nova prisão do ''companheiro''


Editorial do Estadão

Quem conhece sua história não foi surpreendido pela notícia da nova prisão do líder sem-terra José Rainha, em operação deflagrada pela Polícia Federal para deter também outros nove suspeitos de integrar uma quadrilha formada para desviar dinheiro público. Rainha é velho conhecido da Polícia, e ele mesmo conhece bem diferentes estabelecimentos prisionais, pois os tem visitado com certa regularidade há muito tempo. O que causou estranheza nesse episódio foi a crítica de um ministro de Estado - no caso, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho - à ação policial, por considerar que ela "tumultua" o processo da reforma agrária.

O retorno de Rainha à prisão é consequência da Operação Desfalque, conduzida pela Polícia Federal para apurar o desvio de recursos do governo destinados a assentamentos na região do Pontal do Paranapanema, no oeste do Estado de São Paulo, área em que o detido atua. Expulso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Rainha está à frente do que ele denominou MST de Base.

A investigação começou a partir de relatos dos próprios assentados do Pontal do Paranapanema, que, em depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público, disseram não aguentar mais "ser espoliados e controlados pela organização criminosa", liderada por Rainha, como afirma a denúncia. Em abril, a Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público contra ele e outras pessoas, por desvio de dinheiro que era repassado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para as entidades criadas pelos assentados. 

O que há de novo nessa prisão temporária de Rainha é o motivo. Esta é a primeira vez que ele é suspeito de desvio de dinheiro público.

Rainha já foi acusado de outros crimes. Em 1997, por exemplo, foi a julgamento pela participação no assassinato de um fazendeiro e de um policial militar em Pedro Canário, no Espírito Santo. Condenado a 26 anos de prisão, recorreu e foi absolvido. Em 2002, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma no município de Euclides da Cunha, no Pontal do Paranapanema. Nos anos seguintes, até 2006, foi preso mais três vezes no Pontal, sob acusações variadas, como formação de quadrilha, incitação à violência, incêndio e furto.

É surpreendente que, tendo Rainha essa folha corrida, o ministro Gilberto Carvalho tenha se declarado "extremamente preocupado" com a prisão, que, no seu entender, tumultua o processo de reforma agrária e o relacionamento do governo com os movimentos sociais. Em nota divulgada após a publicação dessas declarações, Carvalho esclareceu que "em nenhum momento pretendi imiscuir-me no processo de investigação que levou às prisões" e observou que a lei assegura aos acusados o direito de defesa "e os preserva de condenações açodadas, antes do devido processo legal".

É uma observação desnecessária, pois não houve nem há nenhuma indicação de que, no caso da nova prisão de José Rainha, seus direitos não estejam sendo assegurados. 

Com suas declarações, Carvalho não deixa nenhuma dúvida de que, também no que se refere a Rainha, sua posição é idêntica à de seu chefe Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2005, em pleno exercício de seu primeiro mandato presidencial, Lula fez uma clara homenagem a José Rainha, a quem trata familiarmente por Zé, mesmo tendo o líder rural já sido acusado, julgado, condenado e depois inocentado por participação em assassinatos e preso outras vezes sob diferentes acusações.

Para Lula, Rainha "é perseguido, de vez em quando preso", mas, acima de tudo, é "companheiro de primeira hora", "companheiro que conheço há muitos anos, há muitos e muitos anos". Na ocasião, Lula disse que, "quando eu deixar de ser presidente, muitos que hoje são meus companheiros não serão mais, mas você (dirigindo-se a Rainha) continuará sendo meu companheiro".

Além dos riscos à segurança pública que o levaram à prisão em outras ocasiões, agora o "companheiro" Rainha é preso por representar risco às finanças públicas.

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18 de junho de 2011

Movimento de cabos gera energia eólica

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  Crédito: Ashley Jouhar/Getty Images
Engenheiros estruturais sabem que um pouco de vento pode trazer consequências dramáticas a pontes e edifícios altos. Um efeito bem conhecido faz com que os cabos suspensos das pontes oscilem para cima e para baixo. Este fenômeno é observável mesmo em condições de pouco vento, e ocorre quando um cabo cilíndrico distorce o caminho do vento, “erguendo” outro cabo atrás dele. O cabo de guerra entre a ação de elevação do vento e as forças descendentes do peso do cabo criam o chamado “galope”.
Uma equipe de cientistas do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia pretende aproveitar o movimento dos cabos para gerar energia. A ideia é construir dispositivos que captem o efeito de forma controlada. Para isso, criaram um cilindro oscilatório preso a um ímã, que gera uma corrente enquanto os cabos se movem para cima e para baixo.
Segundo a revista New Scientist, um dispositivo de 85 por 5 centímetros foi testado em “velocidades do vento entre 2,5 e 4,5 metros por segundo, quando as tradicionais turbinas eólicas são ineficientes, gerando quase meio watt de energia elétrica”.
A menos que grandes áreas sejam cobertas por tais dispositivos, será difícil gerar uma grande quantidade de eletricidade utilizável, mas a equipe está trabalhando para determinar o tamanho mais favorável dos aparelhos de forma a maximizar a saída de energia. Hyung-Jo Jung, um dos cientistas que trabalha no projeto, destaca que a tecnologia possui algumas aplicações bastante promissoras, como sensores usados para monitorar a saúde estrutural de edifícios. Em vez se conectarem a redes de energia ou usarem sistemas baseados em baterias, os sensores poderiam ser totalmente alimentados por ventos de baixa intensidade.

Palocci, o herói

DANUZA LEÃO, FOLHA DE S.PAULO

Foi estarrecedor, na sua despedida, vê-lo aplaudido de pé como um herói. Eu não entendo mais nada

DÁ PARA ENTENDER, claro, e até para justificar: já que como ministro empossado da Casa Civil, Palocci, que conhece todas as leis apesar de não ser advogado, não poderia mais dar consultorias, foi obrigado a fazer tudo muito rápido, para que no dia da posse já tivesse seu futuro garantido, mas tudo bem. Com R$ 20 milhões, dá para relaxar e viver bem o resto da vida.
Depois dos quatro meses de quarentena, poderá voltar a trabalhar no mesmo ramo, com o mesmo sucesso, pois continua amigo de todos os que deixou no governo, que poderão lhe passar excelentes informações. Foi estarrecedor, na hora da despedida, ver Palocci aplaudido de pé como um herói. Eu não entendo mais nada.
Cheguei a ter uma certa esperança na presidente Dilma; não era ela a durona, cheia de personalidade? Pois foi preciso Lula ir a Brasilia para resolver o nó Palocci. Dizem que ela não gostou, e depois disso Lula parece ter sossegado, se é que Lula sossega, mas os dois continuam se falando muito no telefone.
Dilma só foi candidata porque todos os possíveis candidatos à Presidência são réus no processo do mensalão.
Como dizem que o Brasil não tem memória, vale lembrar os homens de ouro da total confiança de Lula, que caíram -e mal: o então poderosíssimo José Dirceu, Delúbio, o ex-presidente do PT Genoino, seu irmão -o deputado José Nobre Guimarães-, seu assessor (o dos dólares na cueca), Gushiken, o próprio Palocci, que já tinha ficado mal na foto em Ribeirão Preto, foi ministro da Fazenda, caiu, voltou como ministro da Casa Civil, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, Professor Luizinho, Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT; são 40, mas como não dá para citar todos, ficamos com as estrelas do partido. Todos, absolutamente todos, escolha pessoal de Lula; nenhum, absolutamente nenhum, foi preso, e na última semana de agosto, o crime -formação de quadrilha-, prescreve. Quando ouço falar no PT, me arrepio.
De repente, a surpresa: sai Palocci, entra Gleisi. Será que Lula deixou Dilma escolher sozinha?
Não dá para falar rigorosamente nada de Gleisi, a não ser que ela até sorri, coisa que não acontece com nenhum petista; vamos esperar e ver. Será que ela é mais um dos escolhidos para conquistar a classe média? Ela tem tudo para isso: loirinha, olhos claros, dois filhos que ela leva à escola todos os dias, bonita, simpática, já quis ser freira, citou dois poetas em seu discurso de despedida e tem um projeto de lei dando aposentadoria às donas de casa. Um perfil perfeito para conquistar o eleitorado feminino.
Eu já acreditei em Lula, e até já votei nele, quando o outro candidato era Collor. Eu já acreditei em Dilma; não votei nela, mas dei um voto de confiança, que aliás foi retirado, depois que vi Erenice em sua posse; só por simpatia - e porque preciso ter esperança em alguém - ia dar um votinho de confiança a Gleisi, mas depois de vê-la citar Collor no discurso de despedida do Senado, fiquei na minha. Desejo felicidades a todos, e espero que Lula faça muitas palestras, ganhe muito dinheiro, e não pise nunca mais em Brasília.
Observação 1 - na despedida de Gleisi no Senado, Marta Suplicy estava de dar pena, tal o ódio que não conseguia disfarçar; por que, não sei. Mas ela espumava, praticamente.
Observação 2 - Gleisi é a única petista do governo que usa saia.



Retirado de : 
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10 de junho de 2011

Como a radiação nuclear afeta as futuras gerações

Nuclear 
Crédito: Hemera/Thinsktock
Depois de serem expostas à radiação, mulheres podem gerar mais meninos que meninas, sugere um novo estudo.
O estudo documentou um aumento localizado na proporção de meninos e meninas nascidos depois do desastre de Chernobyl e tendências similares, relacionadas à dispersão tardia de partículas provenientes de testes nucleares realizados nas décadas de 1960 e 1970. Os pesquisadores também descobriram um número pequeno, mas ainda desproporcional, de nascimentos de meninos perto de instalações nucleares na Alemanha e Suíça.
Ainda não se sabe se a radiação interfere no esperma do pai, no corpo da mãe antes da gravidez ou no desenvolvimento do embrião. Mas como a alteração na proporção sexual pode indicar outros problemas de saúde, o estudo levanta um novo tipo de inquietações diante de eventos como orecente desastre nuclear no Japão.
"Segundo o dogma vigente, esse efeito não seria possível ou não existiria nenhum outro do gênero”, afirmou o Dr.Hagen Scherb, biosestatístico do centro de pesquisas Helmholtz Zentrum München de Munique, na Alemanha. "Agora, podemos demonstrar de forma clara que existe um efeito. E isso muda nossa percepção dos riscos da radiação”.
Alguns dos primeiros indícios que ligavam a radiação à alteração na proporção sexual entre bebês surgiram depois que das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki em 1945, apesar de os dados não serem suficientemente convincentes.
Testes posteriores com bombas e estudos com animais relacionaram a exposição à radiação a um aumento dos nascimentos prematuros e defeitos congênitos. No entanto, durante anos os registros de dados sobre nascimentos foram ignorados, à espera de análises mais aprofundadas.
Utilizando registros oficiais e abertos ao público, Scherb e sua colega, Kristina Voigt, descobriram que a proporção de nascimentos entre homens e mulheres no leste e no centro da Europa havia declinado ligeiramente nas décadas seguintes ao desastre de Chernobyl, em 1986.
Mas em 1987, segundo relataram no periódico Environmental Science and Pollution Research, houve um pico súbito de nascimentos de meninos em relação aos de meninas nesses países.
A tendência continuou em alta durante anos e só se estabilizou por volta de 2000. Nos Estados Unidos e em outros lugares, as proporções sexuais continuaram a diminuir por diversos motivos, sem sinais de ocorrências de pico até meados da década de 1980.
Em geral, a alteração foi insignificante – da ordem de menos de meio por cento -,  variando entre 1,045 e 1,06 meninos nascidos para cada menina, dependendo do local e da data da análise.
Mas ao se aplicar esses dados à população inteira, calcula-se que 440 mil meninas deixaram de nascer como resultado da explosão de Chernobyl, afirmou Scherb. Os pesquisadores suspeitam que a tendência indica uma perda desproporcional de gestações femininas como resultado da exposição à radiação.
Tanto na Europa como nos Estados Unidos, o estudo também descobriu oscilações nas proporções sexuais, que refletiam a frequência de testes com bombas atômicas. Esses ecos demonstraram uma defasagem de vários anos que, segundo os pesquisadores, correspondia à dispersão tardia de partículas radioativas na atmosfera.
Como última evidência, os pesquisadores documentaram um ligeiro aumento do número de nascimentos de meninos perto de instalações nucleares na Alemanha e na Suíça, nos períodos em que as unidades estavam em funcionamento.
O estudo oferece "provas de que o nível baixo de radiação, cujos efeitos ninguém deseja, de fato produz um efeito”, garante Scherb. "E esse efeito é bastante significativo em números absolutos”.
Já foi demonstrado que a radiação ionizante – o tipo de radiação emitida por bombas e usinas nucleares – altera o sexo de drosófilas e ratos, comenta Karl Sperling, do Instituto de Genética Humana da Universidade de Berlin. Ele suspeita de que a exposição à radiação possa afetar o DNA nas primeiras divisões celulares após a concepção, um período muito vulnerável.
Se a radiação pode influenciar as proporções sexuais dessa forma, pode haver motivos de preocupação em relação a outras exposições ambientais”, acrescentou.
"Há uma necessidade urgente de estudos epidemiológicos analíticos sobre outros perigos ambientais, que podem levar à revisão das diretrizes internacionais para a segurança radiológica”, conclui.